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domingo, 27 de julho de 2008

Os verdadeiros Sem Terra são reféns do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promoveu, no início da semana, mais uma onda de invasão a prédios públicos. Os alvos dessa vez foram as sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em sete estados: São Paulo, Ceará, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Bahia e Goiás. Trata-se, naturalmente, de um crime. Experimente o leitor reunir alguns amigos para derrubar as portas da Caixa Econômica Federal e reivindicar o financiamento de imóveis. Imaginem se consumidores inadimplentes resolvessem tomar de assalto uma usina hidrelétrica para protestar contra os preços abusivos da energia cobrados aos pobres, com o requinte de fazer os funcionários reféns. A chance de alguma dessas hipóteses terminar com seus protagonistas na cadeia é praticamente certa. A menos que eles sejam membros do MST. Aí a coisa muda de figura. O grupo possui uma espécie de salvo-conduto para agir à margem da lei, sempre com a desculpa de combater a desigualdade social.

O pretexto para a nova onda de invasões é uma tal "Jornada de Lutas por Reforma Agrária", cujo objetivo seria "cobrar mais agilidade nos processos de desapropriação e assentamentos dos agricultores". Até parece. A verdade é que nem de longe a reforma agrária é o objetivo maior do MST. O movimento hoje é uma anacrônica instituição política que luta para destruir o capitalismo e ressuscitar o comunismo. Possui escolas que "ensinam" revolução para crianças, tudo financiado com dinheiro público. Somos o único país cujo governo eleito democraticamente sustenta um movimento francamente hostil ao Estado de Direito.

A maior prova de que a razão de ser do MST não é a distribuição de terras está no fato de que o movimento nunca fala sobre a produção em seus assentamentos, ou em emancipar os que lá vivem, gente que no fundo sonha em ser um pequeno proprietário rural. O MST vive de promover agitações constantemente, que garantem a fonte de renda do grupo. De invasão em invasão, mais recursos públicos lhe são destinados. Questões como prazo médio de permanência dos trabalhadores rurais e evasão nos assentamentos passam ao largo. É bom lembrar que esses assentamentos não pertencem aos agricultores, e sim ao governo, com a devida tutela do poderoso MST. Antes de atender às exigências por mais terras e mais desapropriações, seria interessante que o Incra informasse aos contribuintes quantos agricultores sem-terra já conseguiram o registro de posse no Ceará.

A verdade é que os sem-terra de verdade continuam nessa condição apesar das desapropriações e das invasões. Sem ter a posse legal da terra, essas pessoas não conseguem ter a autonomia do pequeno proprietário, nem estão protegidos por direitos trabalhistas, uma vez que não são empregados formais. Os sem-terra são usados como reféns de um discurso social, para partidos políticos possam fazer proselitismo e para garantir o financiamento de movimentos particulares.

Jornal O Estado